Estudo investiga impacto da pandemia de Covid em atletas brasileiros
Redação
O estudo analisa a repercussão biológica, psicológica e social da covid-19 em atletas brasileiros, com o intuito de avaliar a prevalência da doença e identificar os fatores epidemiológicos, clínicos, atléticos, estilo de vida e de saúde associados à doença provocada pelo vírus SARS-CoV2 nesses indivíduos, incluindo o impacto financeiro e também psicológico.
No primeiro inquérito realizado por entrevistas online, no período de agosto a novembro de 2020, foram recrutados 414 atletas, após divulgação em redes sociais, e mais de 680 clubes e federações. Os primeiros resultados já foram publicados, neste ano, no periódico Biology of Sport. As análises sobre o impacto psicológico da pandemia, da quarentena e das dificuldades dos atletas em treinar e da falta de patrocínio estão em finalização. Mas os pesquisadores já identificaram que, durante a pandemia, os sintomas como ansiedade, insônia, depressão ou estresse foram autodeclarados por cerca de 80% dos 578 atletas que já responderam o questionário. Dentre esses, 513 (88,7%) relataram sintoma de estresse, 420 (72,7%) insônia, 268 (46,4%) ansiedade e 157 (27,2%) depressão.
Entre os dados já publicados, a investigação mostrou que menos de 50% dos atletas fizeram testes para covid no período. O baixo índice ocorre porque muitos dos entrevistados são de baixa renda, ficaram sem patrocínio durante a pandemia e utilizam o SUS. Dentre aqueles que fizeram teste de covid-19, 8,5% tiveram a doença. Mais de 25% dos atletas com teste negativo ou não testado relataram mais de três sintomas característicos do covid-19, e 11% dos atletas com teste positivo para doença eram assintomáticos.
Durante a pandemia, os atletas perderam patrocínios e tiveram que readaptar seus treinos, incluindo locais inadequados e a falta de treinadores. Com isso, quase 20% dos entrevistados relataram lesões musculoesqueléticas durante o período.
A pesquisadora Jamila Perini é Jovem Cientista do Nosso Estado e recebe apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. O estudo faz parte de uma linha de pesquisa da Uezo, Into e da Fiocruz, envolvendo o projeto de doutorado do Lucas Lopes (bolsista Capes) e da estudante de iniciação científica (CNPq) Giuliana de Souza.