Dublador Fabricio Vila Verde explica detalhes da carreira e sua paixão pelo Recreio
Pela primeira vez o Cidadão da Barra não é só da Barra, mas também de Rivardale, k'un lun, do reino de Liones e diversos lugares do universo da ficção. Afinal, o ator, diretor e dublador, Fabrício Vila Verde, que dá a vida a Jughead, da série Riverdale, Punho de Ferro, dos Defensores da Netflix e Meliodas, do anime Nanatsu no Taizai, conta para o JORNAL DA BARRA como é a sensação de dar voz a esses personagens famosos na cultura Pop e Geek.
Como você começou na dublagem? Comecei na dublagem muito de surpresa, eu fazia teatro desde os sete anos de idade, e lá aprendi a arte de atuar e interpretar. Quando eu tinha nove anos, fazia curso de teatro no Andrea Avancini, onde muita gente começou a carreira da dublagem. Nesse tempo, minha mãe me avisou: “tem um curso diferente, sobre dublagem, de repente você gosta”, na época não fazia ideia do que era, e para conhecer, fiz uma aula experimental. Quem dava essa aula era o Felipe Grinnan, que foi inclusive, meu professor.
Como sua vontade por dublar cresceu? Sempre gostei de atuar, mas não especificamente na dublagem, aos poucos essa vontade foi crescendo. Quando ingressei no mercado as pessoas falavam que eu tinha talento, mas eu, obviamente, não via isso, para mim, eu era apenas uma criança de dez anos que estava fazendo algo que eu curtia, mas não me achava bom suficiente. Por acharem que eu tinha vocação, muitas pessoas começaram a me dar trabalho. Afinal, na dublagem, criança é sempre necessário, pois quando a criança cresce, perde a voz, principalmente garotos, então tem muito espaço na dublagem para crianças.
Qual foi seu primeiro grande trabalho? Foi na novela Chiquititas, em 2007, quando realmente comecei a ver o que era a dublagem, aprender com as pessoas, porque dublava todo mundo junto. Fui aprendendo e tomando gosto pela profissão. Porém, um papel que me fez ir a fundo foi o "O Menino do Pijama Listrado", em 2009. Nessa época foi quando falei, "é isso que eu quero", e por este motivo acabei abandonando outras coisas, saí do teatro e fiquei focado na dublagem.
Qual Personagem mais difícil de fazer? “O Menino do Pijama Listrado”, por fatores como: a época em que eu estava, por ser novo na dublagem, e pela direção do Lauro Fabiano, que sempre foi um diretor muito rigoroso com as coisas, para ficar perfeito.
E qual você mais gostou? O “Wade Watts” do "Jogador Número 1". Por que eu gostei de fazer esse personagem? Porque eu pude gravar esse filme com o Garcia Junior, um cara que sempre tive vontade de trabalhar, mas nunca pude. Ele não me conhecia, mas me chamou para um teste, e nisso ele me elogiou para caramba, ele adorou meu trabalho e falou: "cara vou fazer de tudo para que você passe, porque quero gravar esse filme contigo", então foi especial para mim, mas também gosto do Punho de Ferro, Meliodas, Phineas... Eu adoro dublar.
Existe algum personagem de games, animes ou filmes que você gostaria de dublar?
O Levy de Shingeki no Kyojin é um personagem irado, quando ele apareceu pela primeira vez eu pensei, “esse cara eu dublaria”, e eu acho que ficaria bom. Agora, em games, gostaria de dublar algum personagem de League of Legends ou de Overwatch. De séries e filmes eu adoraria dublar o Coringa do Heath Ledger, caso fosse redublado futuramente. Eu tenho um fascínio por personagens que são vilões ou anti-heróis, mas que tem sua história muito bem construída, histórias que qualquer ser humano passando por situações adversas poderia fazer o que ele fez. E o coringa do “Batman o Cavaleiro das Trevas” traz exatamente isso, essa questão da anarquia que todo mundo tem dentro de si. Acho que honraria o trabalho do Márcio Simões e do próprio Heath Ladger.
Quais são suas maiores inspirações nesse meio? Meu grande amigo Luis Carlos Percy e o Newton da Matta, que eu nunca tive oportunidade de conhecer, mas seu trabalho, para mim, é uma das coisas mais brilhantes no mundo da dublagem. Era gostoso de ouvir, era muito encaixado, ele fazia tudo perfeito, e o Percy vai muito além do lado profissional, é pela pessoa que ele é, por tudo que aprendo com ele. Temos uma amizade, ele me ensina além do profissional.
Caio César, dublador famoso do Harry Potter, que também era PM, assassinado em 2015, foi um grande nome da dublagem, como foi dar continuidade a seu trabalho após seu falecimento? Uma sensação muito pesada, um sentimento muito forte, mas que me trouxe certa felicidade pela boa recepção que teve, tanto pelas pessoas que estavam comigo, quanto pelos fãs, que vieram me parabenizar. Quando gravei, eu não tinha ideia do falecimento dele, fiquei sabendo pela Marlene Costa, que era diretora da série na época. Ela me contou na hora, e depois tive que gravar ouvindo a voz dele, por que algumas coisas já estavam em produção, mas acho que consegui honrar o seu trabalho. Queria manter o legado. Eu tentei ao máximo manter a originalidade, óbvio, da minha forma. Foi difícil, é doloroso até hoje, mas fazemos o máximo para respeitar as pessoas que passaram por aqui.
Como está sendo seu primeiro ano no Recreio? Um grande amigo que mora aqui há cinco anos, o dublador Luis Carlos Percy, disse: “cara, dá uma olhada no Recreio, dorme lá em casa, que tu vai curtir”, fiz isso e comecei a perceber que os aluguei são muito mais em conta. Aqui é muito gostoso de viver, é bem mais seguro, eu não ando nas ruas com medo, como eu andava, o pessoal é mais animado, estar perto da praia é uma maravilha e pegar a praia para ir trabalhar de manhã é uma das sensações mais gostosas que tem, o bairro inteiro me abraçou e eu curti, agora não me vejo morando em outro lugar do Rio de Janeiro.