Falaram ao público o prefeito Marcello Crivella, Leonardo Picciani, ministro do Esporte, Paulo Marcio Dias Mello, da Aglo e Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB. Todos rechaçaram que o Parque Olímpico esteja abandonado
Exatamente um ano após sediar os Jogos Olímpicos de 2016, o Parque Olímpico da Barra, local em que a maioria das competições aconteceu, abriu as porta para a população carioca visitar e ouvir das autoridades públicas quais serão os próximos passos a serem dados. Além dos planos para as instalações, outro assunto que tomou conta do evento foi o acidente que acontecera semanas antes, no dia 30 de julho, após um balão cair no velódromo e causar um incêndio que danificou parte da cobertura.
A cerimonia de abertura que estava marcada para as 9 horas atrasou cerca de uma hora, e a organização mostrou algumas falhas para informar aos que estavam visitando o Parque Olímpico. A pequena presença de público também chamou atenção. Se não fossem as crianças do projeto Brincando com Esporte, do governo federal, e alunos de escolas estaduais e municipais, as arquibancadas das arenas estariam ainda mais vazias. Nem as competições esportivas, como final do campeonato de tênis para cadeirantes e partidas de futsal, foram suficientes para atrair a população.
Fátima Portela, acompanhada da neta Vitória Giroto, foi uma que disse ter sido mal informada por algumas pessoas, entretanto, elogiou a beleza do local em que visitou pela primeira vez. “Muito bonito, muito bom. Só acho que não está muito organizado, só soube chegar aqui porque minha filha trabalha na organização”. Já Roberto Farias, que mora em frente ao Parque Olímpico, disse ter gostado do que viu. “Está tudo bem legal, vim pela primeira vez nas olimpíadas. Gostei bastante.”
Para o ministro do esporte, Leonardo Picciani, as crianças serem a maioria do público no evento é um motivo de alegria. O peemedebista também afirmou que “o Brasil cumpriu sua missão com o mundo inteiro”. Segundo ele, atletas de todo o país com quem ele tem conversado dizem que as instalações para os jogos mudaram a forma de fazer esporte no Brasil. “Há um ano, olhávamos para tudo isso com desconfiança, mas a desconfiança não durou um dia inteiro. Bastou a cerimonia de abertura espetacular para sabermos que seria um sucesso. Os outros 16 dias só corroboraram com isso”. O ministro também lamentou o incidente com o balão no velódromo, e prometeu reparos para os próximos dias.
Paulo Marcio Dias Mello, presidente da Aglo, Autoridade de Governança do Legado Olímpico, seguiu a linha de Picciani ao falar do que chamou de “melhor olimpíadas de todos os tempos”, e disse que o grande desafio é passar as instalações do “modo jogo para o modo legado”. Uma das novidades é uma quadra de areia para esportes ligados a praia, que será inaugurada após o Rock in Rio. Segundo ele, a obra não envolve dinheiro público. Dias Mello também garantiu uma reforma na Arena Carioca 2 e disse que o Parque Olímpico conta com uma agenda de 18 eventos confirmados.
O prefeito da cidade, Marcelo Crivella, também esteve presente no local e recebeu um misto de vaias e aplausos quando anunciado. O mandatário fez questão de citar por diversas vezes durante o seu discurso o deputado federal Pedro Paulo, que esteve presente na cerimonia. Em certo momento pediu para que o peemedebista mandasse um abraço para o governador Luiz Fernando Pezão, que não esteve presente no evento. Crivella destacou a importância de “cuidar do legado” e “manter acesa a chama olímpica na cidade”. O presidente do COB, Comitê Olímpico do Brasil, Carlos Arthur Nuzman, ressaltou a importância de “entregar a juventude brasileira a um futuro que queremos”.
Se os discursos não apresentaram grandes novidades em relação aos 365 dias de legado olímpico, a boa notícia ficou por conta da abertura do local ao público, o que deu a oportunidade de algumas crianças da região conhecerem o Parque Olímpico, como os jovens de um projeto na comunidade Vila Dercy, em Jacarepaguá. “Tudo que as crianças precisam: incentivo ao esporte, cultura e educação. Porque sem educação a criança não chega a lugar nenhum, e aqui mostra um pouco disso. Meu filho é um. Ele tem nove anos e gosta de jiu-jitsu, capoeira, futebol, mas ele não conhecia aqui. É raro você tirar uma criança da comunidade e trazer para cá”, disse Vinicius Santos, que acompanhava seu filho e a professora Zélia Nascimento.