Por: Leonardo Vieceli

Em um cenário de menos restrições a atividades econômicas, a taxa de desemprego no Brasil recuou para 12,6% no terceiro trimestre de 2021. Mesmo com a queda, puxada pelo trabalho no setor informal, o país ainda registrou 13,5 milhões de desempregados entre os meses de julho e setembro. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (30) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A taxa de desemprego estava em 14,2% no segundo trimestre de 2021 e em 14,9% no terceiro de 2020. Os resultados integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). Pelas estatísticas oficiais, uma pessoa está desempregada quando não tem trabalho e segue à procura de novas oportunidades profissionais.

A taxa de desocupação estimada pelo IBGE (12,6%) ficou próxima das expectativas do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam indicador de 12,7%.

A queda do desemprego foi influenciada pelo aumento da população ocupada. Essa parcela, que tinha algum tipo de trabalho, foi estimada em 93 milhões de pessoas. Cresceu 4% (3,6 milhões de pessoas a mais) frente ao trimestre anterior e 11,4% (9,5 milhões de pessoas a mais) ante igual trimestre de 2020.

"No terceiro trimestre, houve um processo significativo de crescimento da ocupação, permitindo, inclusive, a redução da população desocupada, que busca trabalho, como também da própria população que estava fora da força de trabalho", avalia a coordenadora de trabalho e rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.

Segundo o instituto, o aumento da ocupação está relacionado sobretudo ao setor informal. Das 3,6 milhões de pessoas a mais na população ocupada, em relação ao trimestre imediatamente anterior, cerca de 54% (1,9 milhão) atuavam sem carteira assinada ou CNPJ. Ou seja, a informalidade respondeu por mais da metade das novas vagas.

O reflexo do quadro é o recuo do rendimento médio da população empregada. Isso sinaliza que o ingresso no mercado de trabalho tem sido marcado por salários menores.
O rendimento real habitual foi estimado pelo IBGE em R$ 2.459. É a menor marca para o terceiro trimestre desde o começo da série histórica, em 2012. Significa baixa de 11,1% em relação a igual período do ano passado (R$ 2.766). O recuo da renda também reflete a escalada da inflação, já que os cálculos do instituto consideram o aumento de preços.

Os números divulgados nesta terça-feira já incorporam uma revisão feita pelo IBGE em toda a série histórica da Pnad Contínua. A reponderação dos resultados foi necessária devido aos efeitos da pandemia no processo de coleta das informações.

A chegada da Covid-19 causou restrições a deslocamentos e fez o órgão suspender as entrevistas presenciais da Pnad a partir do segundo trimestre de 2020. Assim, a coleta dos dados passou a ser feita por telefone.

A alteração reduziu a taxa de aproveitamento da pesquisa, já que houve mais dificuldades para realização das entrevistas -nem todas as famílias brasileiras têm acesso a aparelhos telefônicos, por exemplo.

De acordo com o IBGE, essa redução foi sentida principalmente nas faixas mais jovens da população, o que aumentou a proporção de idosos na amostra. Segundo o instituto, a partir da reponderação da série, que leva em conta características de idade e sexo, eventuais distorções são corrigidas, e as estimativas mais recentes podem ser comparadas às anteriores.

"O que a ponderação traz é a melhoria das estimativas, dado que a gente consegue recompor a população por sexo e grupo etário", relatou Luna Hidalgo, analista do IBGE.
A taxa de desemprego do segundo trimestre de 2021, por exemplo, havia sido estimada inicialmente em 14,1%. Com a revisão, passou para 14,2%.

Já o número de desocupados, nesse mesmo período, passou de 14,4 milhões para 14,8 milhões. Pela série revisada, a população desempregada chegou ao pico de 15,3 milhões no primeiro trimestre de 2021.

A pandemia, sinaliza o IBGE, causou desafios similares para institutos de pesquisas de outros países. Com o avanço da vacinação contra a Covid-19 e as restrições menores, o órgão brasileiro retomou parte das atividades presenciais nos últimos meses.

O desemprego em nível elevado para os padrões históricos preocupa analistas, ainda mais em um período de inflação alta como o atual. Em conjunto, as dificuldades no mercado de trabalho e a escalada dos preços jogam contra o consumo das famílias, um dos motores do crescimento do país. Nesse contexto, as projeções para o desempenho da atividade econômica em 2022 vêm sendo revisadas para baixo.

Já há instituições financeiras, incluindo grandes bancos, como Itaú e Credit Suisse, prevendo recessão no próximo ano -ou seja, queda do PIB (Produto Interno Bruto). A piora das expectativas está relacionada a uma combinação de fatores, que vai desde a pressão inflacionária e o aumento dos juros até as incertezas fiscais e a crise política envolvendo o governo federal.

Segundo analistas, a fragilidade da economia como um todo coloca em xeque a incipiente melhora do mercado de trabalho. "Por mais que tenha caído, o desemprego ainda continua em um patamar bastante elevado. O quadro do emprego no Brasil segue ruim, apesar da melhora no último trimestre", define a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest.

A economista Ana Beatriz Moraes, professora do Ibmec-RJ, tem opinião semelhante. Mesmo com a redução do desemprego, a inserção no mercado de trabalho permanece difícil, segundo ela. Sinal disso é que mais pessoas recorrem a modalidades como o trabalho por conta própria, lembra a professora.

Segundo o IBGE, o número de profissionais autônomos no Brasil voltou a bater recorde. A parcela de trabalhadores por conta própria foi estimada em 25,5 milhões de pessoas. Significa crescimento de 3,3% (817 mil a mais) na comparação com o trimestre anterior e de 18,4% (4 milhões a mais) no recorte anual.

Como mostrou reportagem recente da Folha, o Brasil corre o risco de amargar uma década com desemprego alto, voltando ao chamado pleno emprego só a partir de 2026.
A conclusão é de uma análise do economista Bráulio Borges, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
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SITUAÇÃO DO EMPREGO NO BRASIL
Para o terceiro trimestre de 2021, conforme o IBGE

13,5 milhões
estão desempregados

12,6%
é a taxa de desemprego

93 milhões
estão ocupados com algum tipo de trabalho

Uma pesquisa sobre intenção de consumo na Black Friday mostra que 32% dos brasileiros devem comprar produtos que estiverem mais baratos mesmo que isso gere dívidas. Mesmo com a inflação em alta, sete em cada dez pessoas afirmaram que planejam fazer alguma compra durante a data. A pesquisa foi realizada pelo Instituto Locomotiva a pedido da Fiserv, empresa de pagamentos e tecnologia de serviços financeiros.

Dos 70% que irão consumir, 27% disseram que estão dispostos a comprar nesta edição, enquanto 42% afirmaram estar muito dispostos. O dia de promoções, que já está entre as datas mais importantes para o comércio, ocorre nesta sexta-feira (26), mas ofertas já estão disponíveis em grandes redes de comércio físico e eletrônico.

A pesquisa ouviu 1.500 pessoas com mais de 18 anos e acesso à internet, de 29 de outubro a 3 de novembro. Mesmo com previsões pessimistas para a data deste ano, um apontamento da pesquisa é que quase metade da população (43%) espera pelo evento para adquirir produtos com preços mais baratos.

Segundo o levantamento, 44% declararam fazerem buscas e compras online durante a data; 30% procuram informações e promoções online, mas compram em lojas físicas; 11% procuram informações em lojas físicas, mas comprando no digital; e 10% pesquisam e compram em lojas físicas.

O Pix é o meio de pagamento que mais deve ser utilizado, apontado por 49% das pessoas que pretendem fazer compras. Logo atrás vem o cartão de crédito tradicional (44%), seguido de cartão de crédito em sites (41%), dinheiro em espécie (26%) e cartão virtual (23%).

A projeção é que a categoria de roupas seja a mais procurada na Black Friday (46%), seguida de eletrônicos (44%), calçados (37%) e celulares (34%). Historicamente, roupas e eletrônicos estão empatados como os produtos mais comprados, mas a pandemia ampliou a busca de itens eletrônicos já em 2020.

De acordo com projeção da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), as vendas deste ano devem cair pela primeira vez em cinco anos. A data pode movimentar R$ 3,93 bilhões, o maior patamar nominal de vendas (sem levar em conta a inflação) desde que o evento foi incorporado ao varejo nacional, em 2010. Com o desconto da inflação, no entanto, o volume projetado para 2021 representa queda de 6,5% frente ao ano passado, a primeira retração desde 2016.