Os serviços mecânicos, a fabricação e a venda de acessórios e seguros cresceram no primeiro semestre do ano

Despontando como uma alternativa prática, seja para fugir do trânsito caótico das cidades, seja para a prática de exercícios físicos ou atividades de lazer, a utilização da bicicleta conquista cada vez mais adeptos pelo Brasil. Durante o ano de 2021 houve um crescimento exponencial desse mercado no país. Por outro lado, o número de roubos e furtos também aumentaram, fazendo cada vez mais necessária a demanda por seguros desse tipo.

Segundo a Abraciclo (representante brasileira das fabricantes de bicicletas e motocicletas do Polo de Manaus), houve um crescimento de 39,6% na montagem do veículo em setembro de 2021, quando comparado ao mês anterior do mesmo ano. Uma pesquisa anual realizada pelo Comércio Varejista de Bicicleta da Aliança Bike aponta aumento de 34% na venda de bikes no primeiro semestre de 2021 em relação ao mesmo período em 2020. Serviços mecânicos e de reparação representam quase 30% do valor de faturamento de lojas do setor. Dados que demonstram o avanço do mercado apesar da crise sanitária mundial.

Com o aumento do número de ciclistas nas cidades, cresceu também a busca por serviços de aluguel de bikes. A Tembici, empresa que opera no ramo nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, registrou um crescimento de 9% no primeiro semestre de 2021.

Por outro lado, a utilização da bicicleta fez o número de roubos e furtos aumentar. Somente na cidade de São Paulo, nas maiores cidades de Campinas e Piracicaba, esse tipo de crime cresceu 74,5%. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública foram registradas 288 ocorrências pela Polícia Civil entre janeiro e maio do ano passado. O cenário adverso elevou as vendas de itens como travas e cadeados entre os ciclistas.

Outra forma de proteção encontrada são as seguradoras. O crescimento de seguros de bicicletas foi de 35% em meio a pandemia. A mudança na mobilidade urbana fez ciclistas e seguradoras apostarem em um caminho de resguardo com um patrimônio que tende a ficar tão valioso quanto outros tipos de veículos. CEO e fundador da Korsa, empresa de seguros, James Theodoro afirma que: “O mercado de seguros está atento às oportunidades de negócios, e certamente as bicicletas são ótimas alternativas. Várias seguradoras estão operando na carteira. Os modelos de bike são cada vez mais sofisticados e, com isso, mais caros, levando o consumidor a contratar seguro", comentou o especialista.

Por: Ítalo Nogueira

Gilciney Gomes, 61, vive da pesca na baía de Guanabara há 40 anos. A poluição fez praticamente sumir de suas redes peixes como linguado, piraúna, espada e outros de maior valor. Restaram-lhe principalmente a corvinota e tainha, que não lhe garantiam o sustento.

Há dez anos, ele passou a se dedicar à pesca de caranguejo, que ainda resiste nos manguezais de rios poluídos de Duque de Caxias. Nos períodos de defeso, no qual a prática é proibida para garantir a reprodução dos animais, Gilciney cata lixo do rio para revenda em centros de reciclagem. Mas até nisso a poluição lhe atrapalha.

"Alguns compram [o material reciclável], mas outros não, porque falam que é material sujo demais. Eles perguntam: 'É PET do valão?'. O rio Sarapuí hoje é um valão. Precisamos lavar bem lavadinho para vender um pouco mais caro. Mas não dá para lavar direito 30, 40 kg de plástico. A gente acaba vendendo mais barato para alguns que aceitam comprar [sujo]", diz Gilciney.

Os pescadores são o elo mais frágil de um prejuízo econômico calculado em bilhões de reais para o estado causado pela poluição da baía de Guanabara.

Estudo do economista Riley Rodrigues, assessor especial da Casa Civil estadual, aponta o potencial de R$ 25,4 bilhões para o estado em 30 anos.

Rodrigues aponta que entre 2002 e 2013 houve uma redução de 68% no volume pescado na baía. De acordo com a Fiperj (Fundação Instituto de Pesca do Rio de Janeiro), 1.380 unidades produtivas -embarcações e pescadores em terra- descarregaram pescado da baía entre 2017 e 2020.

"Há 15 anos, trazia 14, 15 tabuleiros de peixe. Hoje traz 3 só. Diminuiu muito. Se eu saio para pescar, consigo só R$ 15, R$ 20 de pescado. O caranguejo dá uma diariazinha de R$ 70, R$ 80. Fomos forçados, mas é o meio de sobrevivência", disse Gilciney.

Segundo Alexandre Anderson, presidente da Ahomar (Associação Homens do Mar), muitos pescadores abandonaram a prática para buscar outros meios de vida. Ele calcula em ao menos 3.000 o total de pescadores que atuam na baía.

"O impacto foge da praia. Está no comércio fechado por falta de turistas. Das famílias que são obrigadas a sair e fazer uma migração forçada, involuntária. Temos muitas casas abandonadas porque os pescadores precisaram sair para buscar seu sustento. Foram para a capital trabalhar como pedreiro, ajudante de obra e saíram da região", afirmou ele, que atua em Magé.

Além da pesca, os levantamentos calculam a perda a partir de gastos com internações causadas por doenças relacionadas às falhas no saneamento básico, como infecções gastrointestinais, e o impacto delas na renda e produtividade do trabalhador e na educação. As estimativas também consideram a possível valorização imobiliária no entorno da baía de Guanabara com sua melhoria ambiental.

Há, porém, despesas simbólicas não contabilizadas nas pesquisas, como o piscinão de Ramos, área de lazer construída em 2001 para substituir a poluída praia do bairro, balneável nas primeiras décadas do século passado.

A Prefeitura do Rio de Janeiro gasta anualmente R$ 4,8 milhões com uma estrutura que capta e trata a água da área mais poluída da baía e que abastece o piscinão.

O governo do estado construiu em 2004 outro piscinão, em São Gonçalo. Ele está abandonado há cinco anos em razão do custo de manutenção.

O potencial econômico da baía é um dos argumentos do governo do estado para exigir na concessão do saneamento básico um investimento emergencial de R$ 2,7 bilhões no estancamento do despejo de esgoto nas águas.

"A economia do Rio passa pela baía de Guanabara. Ela circunda vários municípios, tem uma importância turística relevante, e também no setor de petróleo e gás. Ela é nossa fonte de riqueza principal", afirma o secretário da Casa Civil, Nicola Miccione.

A imagem da baía associada ao despejo de esgoto atinge também regiões menos comprometidas do espelho d'água, afetando a indústria do turismo. O empresário José Lavrador, dono da Paquetur, da ilha de Paquetá, afirma que "a poluição mexe muito com o imaginário das pessoas".

Paquetá está no final do canal central da baía, onde a troca de água com o mar é mais constante. O norte da ilha, por sua vez, está próximo à APA (área de proteção ambiental) Guapimirim, cujos rios têm melhores condições que os da parte oeste do espelho d'água.

"Pode ter até trechos da baía que não estão tão poluídos. Mas, no imaginário das pessoas, ela está associada à poluição. Isso é um dano muito grande e difícil de quantificar", afirma ele.

Lavrador afirma que sua empresa busca explorar mais o aspecto histórico e cultural da ilha, local de hospedagem frequente de D. João 6º. Ainda assim, a poluição afeta a visitação. "A gente trabalha sempre com esse imaginário de que tem uma baía poluída no entorno do paraíso. Isso é muito doloroso. Diminui a dimensão da alegria de estar em Paquetá",  diz Lavrador.

"A gente tenta trabalhar com os hotéis para transformar isso aqui como um ponto do roteiro turístico dos receptivos do Rio. Temos muita dificuldade, porque o imaginário da poluição impera. No linguajar deles, é um produto queimado."

A baía também é um cenário explorado pela Saveiros Tours, uma das primeiras a realizar passeios pela região. O diretor da empresa, Eduardo Adrizzo, afirma que visitantes se queixam até mesmo quando a parada para mergulho é feita em locais com boa balneabilidade.

"Quando falo que tem que parar em Jurujuba ou Urca, o pessoal reclama. Precisa explicar que [a qualidade da água] depende da maré. Diante de uma baía tão grande, com tantas enseadas, são pouquíssimas as que a gente consegue parar para mergulhar", afirma ele.

Adrizzo lamenta não poder ancorar na enseada de Botafogo diante do Pão de Açúcar, um dos principais cartões postais da cidade. "A enseada de Botafogo nem entro de barco, porque é um esgotão", disse ele. A praia esteve imprópria para banho em 99,8% dos dias entre 2015 e 2019.

Sob o espelho d'água também há potenciais desperdiçados. O biólogo Ricardo Abreu, do Instituto Mar Urbano, afirma que agências poderiam explorar o mergulho para visualização das sete espécies de raias que existem na baía.

"As raias são ícones do turismo subaquático mundial. Na Indonésia, se gasta US$ 400 para mergulhar com elas. Lá elas são protegidas por lei. Uma raia manta na Indonésia pode gerar mais de US$ 1 milhão durante a vida dela com o turismo subaquático", afirma.

A poluição e a imagem que a baía carrega relega à espécie um destino menos rentável. "Aqui a gente tem essa riqueza e a gente vende essas raias na feira. É a carne mais barata de peixe que tem. A maioria das vezes elas são pescadas acidentalmente. As redes de arrasto de fundo vão buscar o camarão e o linguado, e às vezes pegam as raias também", afirma o biólogo, produtor e diretor do filme "Baía Urbana".

Em parceria com O Boticário, a Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) mapeou 69 atividades econômicas sustentáveis da baía.

O gerente de Sustentabilidade da federação, Jorge Peron, acredita que a despoluição pode fomentar algumas delas, como o turismo, agropecuária e manejo sustentável. O processo pode ajudar também o ramo imobiliário, com a abertura de novos pólos residenciais e de turismo à beira do espelho d'água.

"A participação de negócios considerados sustentáveis nos setores de agricultura, pesca sustentável e maricultura ainda é pequena. Se muda o contexto de balneabilidade começa a criar um ambiente mais favorável tanto para o desenvolvimento das espécies que já existem quanto para atrair outras espécies", diz.

Por: Ítalo Nogueira e Nicola Pamplona 

Durante as Olimpíadas de 2016, o Inea (Instituto Estadual do Ambiente) sobrevoou diariamente a região sul da baía de Guanabara para monitorar o aparecimento de manchas de óleo.

Embarcações também faziam parte do esforço para manter a qualidade do espelho d'água, palco das competições de vela dos Jogos.

Nos 22 dias da operação de monitoramento, foram encontradas 76 manchas -mais de 85% detectadas a partir das aeronaves. Só no dia 12 de agosto daquele ano foram 7.

Os números ligaram um alerta no órgão ambiental do estado não apenas pela quantidade, mas, principalmente, pela comparação com o histórico de identificação de mancha de óleo no corpo d'água da baía. Entre 1983 e 2016, a média era de oito ocorrências por ano.

A partir dos dados do período olímpico, a estimativa do Inea é de que o despejo real de óleo na baía chegue a 1.325 por ano. Entre 2017 e 2021, novamente sem sobrevoos diários, a média de manchas detectadas ficou em 12.

A disparidade revela o descontrole sobre o real passivo ambiental causado pelo uso crescente da baía por embarcações, principalmente ligadas à indústria do petróleo. Os riscos e a ocupação do espelho d'água são desafios que permanecem mesmo com o eventual cumprimento das novas promessas de despoluição.

Localizada em frente aos maiores campos de petróleo do país, a baía de Guanabara é um dos principais pólos da atividade de apoio a plataformas em alto mar.

Do Porto do Rio de Janeiro e de bases em Niterói saem embarcações que vão ajudar na instalação de plataformas e sistemas submarinos ou apenas fornecer mantimentos para as plataformas.

A atividade na região cresceu na década passada, diante da saturação da base de apoio da Petrobras em Macaé e do aumento das operações por petroleiras privadas no país. Atualmente, enfrenta a concorrência do Porto do Açu, no litoral norte fluminense.

Ainda assim, segundo a Companhia Docas do Rio de Janeiro, o fluxo segue intenso. Entre janeiro e setembro de 2021, 1.336 embarcações de apoio passaram pela baía. Antes da pandemia, que reduziu o tráfego dos navios, o número chegou a 2.926. Estudo da companhia feito em 2014 previu para 2030 um total de 6.000 atracações.

Ao lado da Ponte Rio-Niterói, um ponto de fundeio abriga dezenas de embarcações à espera de viagens ou de contratos. Em 9 de novembro, havia 42 delas, segundo informações do sistema de rastreamento de navios Marine Traffic.

Em nota, o Inea afirma que desde outubro deste ano executa "projeto que tem o objetivo de realizar monitoramento marítimo periódico na região".

As embarcações se somam aos dutos e terminais da Petrobras espalhados no fundo e em ilhas da baía como risco potencial de um acidente.

O mais grave ocorreu em 2000, quando a ruptura num dos dutos causou o vazamento de cerca de 1,3 milhão de litros de óleo combustível, atingindo quase um terço do espelho d'água, incluindo a APA (área de proteção ambiental) de Guapimirim -uma das poucas áreas de manguezal preservadas.

O histórico de grandes vazamentos, porém, é mais antigo. O primeiro registrado foi em 1975, quando o navio iraniano Tarik Ibn Ziyad despejou 6 milhões de litros de óleo na baía.

"Essas embarcações transformam a baía de Guanabara num estacionamento industrial de alto risco", afirma Sérgio Ricardo Potiguara, fundador do Movimento Baía Viva.

As atividades da indústria do petróleo e marítima tomam cerca de 60% do 328 quilômetros quadrados do espelho d'água, de acordo com o atlas do Comitê da Bacia Hidrográfica da baía.

Somada às áreas poluídas, de proteção ambiental e outras, restam aos pescadores cerca de 12% para atuar sem restrição

Segundo Alexandre Anderson, presidente da Ahomar (Associação Homens do Mar), a redução de área tem gerado conflitos entre os pescadores artesanais que usam a baía como local de trabalho.

"Hoje divido esse espaço com o pescador de São Gonçalo, que está sendo espremido pelo terminal de GNL e GLP. Gera-se um conflito entre comunidades pesqueiras. Essa disputa não é natural. Não fomos nós que pedimos isso", afirmou ele, que atua em Magé.

Até mesmo o deslocamento dos botos-cinza, símbolo da capital do estado, é afetado pelo uso intensivo da baía pela indústria do petróleo.

Além dos ferimentos causados por acidentes, a poluição sonora sob o espelho d'água interfere na comunicação dos cetáceos.

"Aqueles navios parados ficam com gerador ligado e fazem um barulho desgraçado dentro da água. Os botos usam mais o lado de São Gonçalo e Niterói, e propusemos uma espécie de corredor para eles. Mas isso nunca foi para frente", afirma José Lailson Brito Junior, coordenador do Laboratório Maqua (Mamíferos Aquáticos) da Faculdade de Oceanografia da Uerj.

A pressão da indústria sobre a baía seria ainda maior caso o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) tivesse saído por completo do papel. Desenhado para abrigar uma refinaria, petroquímicas e uma unidade de tratamento de gás em Itaboraí, o projeto naufragou após o início da Operação Lava Jato.

O complexo aumentaria o trânsito de embarcações, ampliaria a quantidade de dutos sob a baía e seria um indutor de crescimento urbano próximo à APA de Guapimirim.

Atualmente, apenas a unidade de gás está em construção no Comperj. Petrobras e o estado assinaram em setembro um convênio para tentar atrair para a área de 43 mil metros quadrados indústrias que dependem do combustível, como plantas química, de fertilizantes e de vidros.

A expectativa é que a infraestrutura local e a proximidade com o fornecimento garantam investimentos de R$ 15 bilhões.

Apoiadora do projeto, a Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) defende que a atração de novas indústrias não coloca em risco o projeto de despoluição.

O gerente de Sustentabilidade da federação, Jorge Peron, diz que estudo de 2012 já mostrava que a atividade industrial tinha pouca influência na poluição da baía, provocada principalmente pela falta de saneamento básico no entorno.

"Complexos industriais vão continuar sendo implantados e operados em todo o país e também no entorno da baía. Mas hoje há questões que vêm surgindo de forma mais recorrente na agenda empresarial, na agenda ESG. Tudo isso é pressão adicional para que a indústria olhe com muita atenção para o propósito da sua atividade", afirma Peron.

O resíduo industrial foi, por muito tempo, um dos grandes problemas da baía de Guanabara. Fiscalizações iniciadas na década de 1980 reduziram o passivo. Em 2011, o governo do estado assinou um TAC (Termo de Ajuste e Conduta) com a Reduc (Refinaria Duque de Caxias) que também reduziu significativamente os impactos no corpo d'água.

"A Reduc poluía mais do que outras 130 empresas juntas. Fizemos um TAC de R$ 1,1 bilhão para exigir mudanças tecnológicas", disse o deputado estadual Carlos Minc (PSB-RJ), ex-secretário estadual do Ambiente.

Potiguara, porém, defende "uma moratória nos licenciamentos ambientais" da baía.

"Vivemos aqui uma expansão ilimitada da indústria do petróleo. Várias espécies estão em risco de extinção e quase não há mais área para pesca. A baía vive um sacrifício ambiental", disse o ambientalista.

Para o pesquisador Francisco Mendes, do Grupo de Economia do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da UFRJ, a baía de Guanabara tem espaço para os diferentes usos econômicos atuais: lazer, pesca, indústria e transporte.

Falta, para ele, clareza do poder público sobre como dividir o espelho d'água da baía e ordenar a exploração de seu entorno. Mendes afirma que esse é o principal debate a ser feito após a eventual concretização das novas promessas de despoluição.

"Afinal de contas o que a gente quer da baía de Guanabara? Que ela seja um porto importante? Um local de serviços para a indústria de óleo e gás? Que seja uma área de lazer? Retome seu papel de produtora de produtos pesqueiros? Palco de competições esportivas? Um espaço para meio de transporte mais bem estruturado?", questiona ele.

"São diferentes usuários, mas não vemos uma conversa de forma integrada. Com certeza tem espaço para todo mundo. O problema é negociar esse espaço. Isso não é simples. Faz parte de um amadurecimento político que o Brasil ainda precisa viver", afirma Mendes.

Por: Leonardo Vieceli

O impasse sobre o modelo de concessão do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, tem novo capítulo. Desta vez, a prefeitura carioca critica o governo federal ao afirmar que foi excluída do grupo de trabalho encarregado de discutir eventuais mudanças no edital do aeroporto.

O grupo de trabalho iniciou as atividades na quarta-feira (19), com cinco nomes indicados pelo governo federal e outros cinco representantes do estado do Rio –a prefeitura não está entre eles.

A iniciativa foi anunciada após pressão de políticos e empresários fluminenses, que defendem a adoção de algum nível de restrições a novos voos no Santos Dumont após a concessão.

Na avaliação das lideranças locais, uma grande ampliação da oferta no terminal poderia colocar em xeque as operações do aeroporto internacional do Galeão, também localizado no Rio.

A possibilidade de aumento nos voos do Santos Dumont foi comemorada pelo governo federal, mas encontrou resistências entre o governo estadual e a prefeitura do Rio. Assim, o embate ganhou forma nos últimos meses.

"É no mínimo um absurdo a cidade do Rio ter os dois aeroportos e não ter sido chamada para opinar", afirma o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação do Rio, Chicão Bulhões, que contesta o edital desenhado até o momento para o Santos Dumont.

"Um aeroporto não é como uma padaria. Um aeroporto é um negócio regulado."

Segundo Bulhões, o município planeja enviar uma notificação formal para ingressar no grupo de trabalho. "O descontentamento é com o governo federal, que é o responsável pela concessão", diz.

O fim das atividades do grupo de trabalho está previsto para 18 de fevereiro. O governo federal tem o objetivo de realizar o leilão do Santos Dumont em 2022, ano marcado pelas eleições presidenciais.

Em nota, o Ministério da Infraestrutura, responsável pelo processo de concessão, disse que o grupo de trabalho está aberto a novos interessados no debate.

"A criação do grupo de trabalho sobre a concessão do aeroporto Santos Dumont é resultado do diálogo do governo federal com entidades da sociedade e poder público do Rio de Janeiro. O GT está aberto a qualquer representante ou entidade que tiver relação com o tema e puder contribuir", diz a pasta.

"A primeira reunião ocorreu nesta quarta-feira, com abertura do ministro Tarcísio Gomes de Freitas. Um calendário de encontros ainda será submetido e aprovado pelos integrantes do grupo", acrescentou.

Conforme portaria publicada no Diário Oficial da União na quarta, a iniciativa poderá admitir –desde que haja concordância entre os membros– o apoio técnico de representantes da academia, instituições privadas, órgãos e entidades da administração pública federal ou estadual, assim como de especialistas em aviação civil e infraestrutura aeroportuária.

Políticos e empresários fluminenses avaliam que o Santos Dumont tem potencial para atrair voos domésticos, mas sofre com limitações geográficas.

O Galeão, por sua vez, foi planejado para receber aeronaves de grande porte e exerce papel relevante na logística de cargas no estado.

Cerca de 20 quilômetros separam os dois terminais. O Santos Dumont fica no centro do Rio, e o Galeão está localizado na Ilha do Governador.

REFLEXOS EM SP

O debate sobre a eventual revisão no edital do Santos Dumont também começa a gerar reflexos em São Paulo.

Sinal disso é que a concessionária GRU Airport, que administra o aeroporto internacional de São Paulo, em Guarulhos (SP), pediu para participar do grupo de trabalho.

A concessionária, controlada pela Invepar, relatou preocupação com eventuais mudanças no projeto do Santos Dumont e teme uma possível proteção ao Galeão, seu concorrente por voos internacionais.

Guarulhos ainda pode assistir a um aumento da concorrência dentro de São Paulo. É que, assim como o Santos Dumont, o terminal de Congonhas também deve ir a leilão na sétima rodada de concessão de aeroportos do governo federal, prevista para este ano.

Analistas apontam Congonhas e Santos Dumont como as joias da coroa na disputa.

"A concessionária entende que a competição entre os aeroportos, seja no Rio de Janeiro, seja em São Paulo, seja em qualquer outro estado ou região, deve seguir regras de mercado e de livre concorrência", afirmou a GRU Airport na quarta-feira.

"A preocupação reside na adoção de solução que implique a criação de uma restrição no aeroporto Santos Dumont sem correspondente ajuste em Congonhas", acrescentou.

A prefeitura do Rio contesta o interesse de Guarulhos em participar das discussões. A concessionária RIOgaleão, por sua vez, relatou que prefere não se manifestar a respeito do processo da sétima rodada de concessão de aeroportos.

O tempo seguirá instável no município do Rio nesta quinta-feira (6/1), de acordo com o Sistema Alerta Rio, órgão de meteorologia da Prefeitura do Rio com sede no Centro de Operações Rio (COR). A previsão é de chuva fraca a moderada, isolada, durante a manhã, e de pancadas de chuva moderada a forte, podendo vir acompanhadas de raios e ventos fortes, nos períodos da tarde e noite.

– A cidade estará sob influência de uma zona de convergência de umidade que se reorganiza sobre a Região Sudeste em conjunto com a passagem de uma frente fria pelo oceano – explicou o meteorologista Nilton Moraes.

Os modelos numéricos de previsão do tempo estimam que chova, em média e para toda a cidade, 20 mm nesse dia.

Chuva até o fim de semana

Ainda segundo o Alerta Rio, entre sexta-feira (7/1) e domingo (9/1), o tempo permanecerá instável no município do Rio, devido à atuação da zona de convergência em conjunto com ventos úmidos vindos do oceano. Ao longo desses dias, o predomínio será de céu nublado com chuva fraca a moderada, isolada, a qualquer momento. Os modelos numéricos de previsão do tempo indicam estimativa média de chuva de cerca de 10 mm em cada um desses dias.

Na segunda-feira (10/1), o tempo voltará a ficar estável, com céu parcialmente nublado a nublado, sem previsão de chuva. As temperaturas estarão em elevação e os ventos fracos a moderados (até 51,9km/h).

O cidadão pode acompanhar, em tempo real, todas as informações sobre as condições do tempo no twitter.com/operacoesrio e no aplicativo COR.Rio, disponível gratuitamente nas versões Android (bit.ly/appcor_android) e iOS (bit.ly/appcor_ios).

Recomendações em caso de chuva forte com raios e ventos fortes:

– Permaneça em local seguro e evite áreas com alagamentos;

– Não caminhe em áreas alagadas, pois há perigo de correnteza e de ferimentos com objetos, quedas em buracos sob a água, além de risco de doenças;

– Não fique próximo à beira de córregos e rios;

– Nunca force a passagem de carros em vias alagadas;

– Afaste-se de árvores, terrenos abertos e coberturas metálicas, além de precipícios, encostas e lugares altos sem proteção;

– Evite passar sob cabos elétricos, outdoors, andaimes, escadas;

– Não permaneça em piscinas, rios e lagos;

– Evite a prática de esportes ao ar livre, especialmente, no mar;

– Não toque em objetos de metal ou elétricos;

– Feche as janelas, basculantes e portas para evitar canalizações de ventos no interior de casa;

– Feche persianas, cortinas ou blecautes para evitar que estilhaços se espalhem, no caso de alguma janela quebrar;

– Banhos só quando terminar a chuva;

– Evite usar o telefone durante a chuva;

– Desligue aparelhos elétricos e feche o registro de gás;

– Fique atento: se houver falta de luz, cuidado com o uso de velas para evitar incêndios;

– Não estacione próximo a torres de transmissão e placas de propaganda.

Orientações de segurança elaboradas pela Defesa Civil do Estado (Sedec-RJ) e pelo Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro.